Porquê? Why?

Há histórias que têm que ser contadas.
Há exemplos que têm que ser seguidos.
Há personagens que têm que ser desvendadas.
E nós merecemos um jornalismo diferente que nos mostre que ainda vale a pena.



28/03/08

Parabéns aos bate-chapas!


O mais talentoso colectivo de fotógrafos de Portugal está de parabéns. Passam hoje três anos desde a inauguração da [K Galeria], o espaço da Kameraphoto, na Rua da Vinha, no Bairro Alto, em Lisboa. Para assinalar a data, nada melhor que a inauguração - hoje às 18h30 - de uma exposição com selo de qualidade- '3, Colectivo [Kameraphoto]', patente até 19 de Abril. Cada fotógrafo do colectivo interpretou uma imagem de um autor da sua escolha. E a qualidade está à vista: Alexandre Almeida, António Júlio Duarte, Augusto Brázio, Céu Guarda, Guillaume Pazat, João Pina, Jordi Burch, Martim Ramos, Nelson d'Aires, Pauliana Valente Pimentel, Pedro Letria, Rui Xavier, Sandra Rocha e Valter Vinagre são os senhores e as senhoras de parabéns. Mas também todos aqueles que participaram e assistiram ao nascimento da Kameraphoto. Todos juntos, contribuiram para que a fotografia em Portugal desse um grande passo em frente. Como 'canetas', estou muito orgulhoso de vocês. Parabéns, pessoal!


E depois, a partir das 23h59, há festa de aniversário no Europa, ao Cais do Sodré. Para uma grande noite de sexta-feira.

Em protesto!


Hoje, na Eslováquia, os principais jornais diários foram para as bancas com a capa em branco. A notícia é veiculada pelo DIÁRIO DIGITAL, que afirma ainda que esses orgãos de informação estão em protesto devido ao projecto de lei de imprensa que está a ser debatido no Parlamento de Bratislava. Dizem os responsáveis pelos principais jornais que o tal projecto de lei defende em excesso o direito de resposta e coloca em risco a independência dos media.

Por cá, capas ou primeiras páginas em branco não me lembro de ter visto, mas em azul ou amarelo recordo-me. Acontece quando determinadas empresas querem passar a sua mensagem publicitária nos principais orgãos da imprensa escrita. Mas isso é outra história.

O que se passa na Eslováquia é um exemplo que deveríamos levar em linha de conta. Em termos económicos, sociais, políticos ou jornalísticos, Portugal está para a Espanha como a Eslováquia está para a República Checa. A única diferença é que a separação dos nossos países se deu há quase 370 anos e continuamos atrasados em relação aos espanhóis. Quanto aos eslovacos, estão separados dos checos desde 1993 e já recuperaram muito terreno em relação aos seus vizinhos.

Vamos a isso, meninas?



Mais uma sexta-feira, mais uma série de sugestões para quem não quer ficar em casa. Este é o último fim-de-semana de Março, independentemente do que isso queira dizer, e é tempo de se agarrar a Primavera com as duas mãos. Em especial se for em recintos fechados, já que o tempo não está a ajudar. Música, dança, cinema e comezaina. Bons proveitos!


1 - Madame Butterfly, de Puccini, vai estar em digressão por Portugal. Hoje e amanhã em Lisboa, domingo em Coimbra, dia 1 de Abril na Covilhã, dia 3 em Leiria, 4 em Braga, 5 em Santa Maria da Feira e no dia seguinte em Aveiro. A representação está a cargo da Ópera Estatal de Ekaterinburg, Rússia.


2 - O nome do filme em português é 'Na sombra do caçador', mas esqueçam esse pormenor de mau gosto. Simon Hunt é um jornalista de topo em zonas de conflito que um dia se vai abaixo em directo. Tudo acontece na Bósnia. Não é um filme brilhante, mas mexe com quem faz do jornalismo a sua vida. 'The Hunting Party', de Richard Shepard, com Terrence Howard, Richard Gere e James Brolin


3 - Os grandes malucos Les Ballets Trockadero de Monte Carlo (companhia de dança exclusivamente masculina) regressam a Portugal para parodiar o ballet clássico. Até domingo em Lisboa, 1 e 2 de Abril em Braga, 5 e 6 em Ponta Delgada e Faro entre 10 e 12 de Abril.


4 - O 2º Festival Internacional de Jazz de Gaia termina amanhã. Mário Laginha, Ivan Lins e Courtney Pine são apenas alguns dos convidados.


5 - É uma mistura de taberna com mercearia. Fica no Bairro Alto, Lisboa e chama-se Esperança. Infelizmente não é novidade e está quase sempre cheio, frequentado por passageiros do eixo Estoril-Cascais, com tudo o que isso tem de bom e de mau.

27/03/08

Teatro em directo


Hoje é o Dia Mundial do Teatro e a RTP vai comemorá-lo da melhor forma. Pela primeira vez em mais de 30 anos, uma televisão em Portugal vai transmitir uma peça de teatro em directo, no horário nobre, aquele das telenovelas portuguesas e brasileiras. Durante hora e meia, a partir do Teatro da Trindade, em Lisboa, os portugueses que assim o desejarem vão poder assistir à peça 'O Dia das Mentiras', baseado em duas comédias de Almeida Garrett adaptadas por Rui Mendes e encenada por Fernando Gomes. É uma comédia, não mais uma infindável sessão de muita gritaria, vestidos de chita e homens com roupas de mulher. A partir das 21h, na RTP1, os portugueses podem começar a fazer as pazes com o teatro. Mas para isso também dependem da boa vontade de alguns actores e encenadores deste país, que teimam - à semelhança do que se passa também com boa parte do nosso cinema - em aborrecer-nos com peças armadas ao pingarelho de autores alternativos que nada fazem para levar público aos teatros. Nem teatro de revista de gosto duvidoso, nem introspecções umbilicais de intelectuais frustrados e subsidiodependentes. Apenas teatro! Boas peças, com preços acessíveis para o público e salas e actores de qualidade.

Eu gosto muito de ir à escola


A aluna que agrediu a professora no Carolina Michaelis vai ser transferida para outra escola. O aluno que filmou tudo e colocou o vídeo no You Tube também. A professora de Francês regressa às aulas na próxima semana. E pronto, está resolvido o problema. Tem que ser dada uma segunda oportunidade às pessoas.


A menina mal educada vai continuar a utilizar o telemóvel noutras salas de aulas de outras escolas e vai ser olhada como a heroína da história, a 'do Dá-me o Telemóvel Já!'. O menino que pensa ser cameraman vai também para outra escola onde será olhado como o 'gajo que filmou a cena da stora de Francês'. E a dita professora vai continuar no mesmo liceu, a ver os mesmos alunos, os mesmos colegas, os mesmos funcionários, todos aqueles que já conhecem a triste história. E quando se cruzarem com ela, vão sorrir. E quando ela acabar de passar vão sussurrar os seus comentários mordazes sobre a situação.

Apesar disso, a votação aqui no blog vai manter-se até à próxima segunda de manhã.

Chapadão, Cabeçada, Pontapé ou Arremesso pela janela?


26/03/08

Está nas bancas!

Tal como referi ontem, a edição de Abril da Volta ao Mundo vai hoje para as bancas.
Espero que gostem!
São 3,80 euros com direito ao DVD do filme 'Sob Suspeita', com Gene Hackman, Morgan Freeman e Monica Bellucci.

25/03/08

Vamos incomodar o gigante




A actuação, ontem, dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), não pode ficar sem um comentário. Durante a cerimónia em que foi acesa a chama olímpica, em Olímpia, Grécia, três manifestantes da organização protestaram contra a violação dos direitos humanos na China e, consequentemente, no Tibete. O presidente da comissão organizadora das olimpíadas de Pequim, Liu Qi, estava a discursar quando um dos activistas desfraldou uma bandeira negra dos RSF, com algemas em vez dos cinco anéis olímpicos. Na bandeira podia ler-se: “Boicotem o país que espezinha os direitos humanos”.


Robert Ménard, da organização de defesa da liberdade de imprensa, lembrou que “a China é a maior prisão do mundo” e referiu o que se passa no território chinês onde cerca de cem jornalistas, utilizadores de Internet e ciber-dissidentes estão detidos por expressarem as suas opiniões. E os RSF prometem não acabar com os protestos.


O papel do jornalista também é este, não só o de informar. É preciso defender causas, colocar o dedo nas feridas e mostrar que não somos autómatos sem opinião. Imparcialidade sim, mas a defesa dos direitos humanos acima de tudo.


No Império dos Sentidos






A partir de amanhã, 26 de Março, vai estar nas bancas a edição de Abril da revista VOLTA AO MUNDO. O destino em destaque é Tóquio e conto convosco para fazerem esgotar a tiragem. Passem palavra, comprem para oferecer no Natal às pessoas de quem mais gostam, guardem-na em casa porque vale a pena.

Durante 15 dias, Paulo Barata (fotógrafo) e Ricardo Santos (redactor) viveram várias aventuras na capital japonesa. Do conjunto das várias experiências, das muitas deambulações pela cidade, das amizades que fizeram, das tradições que descobriram, nasceu a reportagem de capa da VOLTA AO MUNDO de Abril. Mais que um destino de férias, Tóquio é uma experiência para todos os sentidos. Néons por todo o lado, sushi a toda a hora, mercado do peixe, santuários xintoístas, manga, saké, viagens atribuladas no metro, karaoke para todos os gostos, há de tudo. Não percam!


Partimos de Lisboa sem compromissos, com a hipótese de publicar a história no nosso regresso. E o resultado está à vista, graças à magnífica fotografia do Paulo Barata que ajudou a quebrar a tradição das capas da VOLTA AO MUNDO. É uma vez sem exemplo, mas valeu a pena. Mas há mais surpresas: cuidado com as páginas 10 e 11 da revista. São para consumir com moderação e sem piadinhas de mau-gosto. Sri Lanka, Finlândia e Caraíbas são os outros destinos retratados na revista.



Fica o agradecimento especial a quem idealizou e planeou as 20 páginas de reportagem a que tivemos direito: José Jaime Costa por teres acreditado que a história valia a pena, Paulo Farinha pelo apoio sempre presente e pelos milhares de emails que trocámos, Paulo Rolão pela serena e eficaz edição do texto, Rui Leitão por uma capa de sonho, José Guilherme e Ana Revez pelo excelente desenho das páginas e Paulo Barata pela amizade durante duas semanas de loucura total. Obrigado!





24/03/08

Dá-me o telemóvel, JÁ!!!!




Esta semana não foi difícil pensar numa sondagem aqui para o blog. O acontecimento mais comentado foi o do triste episódio passado na aula de Francês da escola Carolina Michaelis, no Porto. Devido a um telemóvel, professora e aluna protagonizaram uma discussão que já entrou para a história da Educação em Portugal. Foi o retrato típico da professora que não tem mão nos alunos e da aluna que não teve mão em casa. Não se pode falar da coitadinha da professora. Ela é uma adulta que deveria ter tido outra atitude. Ou saía da sala e deixava a menina a falar sozinha com o telemóvel na mão, ou optaria por uma das opções da sondagem desta semana: Chapadão, Cabeçada, Pontapé ou Arremesso pela Janela. Mas não, deixou-se ficar e ser humilhada por uma turma em delírio. Quanto à aluna... palavras para quê?
Espero pelos vossos votos e não se esqueçam de levar em consideração que, em alguns casos, a única solução é a violência. Este é um deles. Amor com amor se paga!


Vejam aqui e tirem as vossas conclusões: http://www.youtube.com/watch?v=AfIkEw98duM

Língua viva

'Dasse' e 'Bejeca'. Aí está o empate técnico na sondagem do blog. Foram as duas opções mais votadas para passarem a fazer parte do dicionário da Língua Portuguesa. A interjeição de dor ou de espanto e a cerveja, imperial ou fino tiveram 41% dos votos, deixando para trás 'Camóne' (com 16%), o carinhoso termo com o qual parte da população portuguesa trata os estrangeiros. Quanto ao menos votado, foi fácil: Ninguém quis que 'Fónix' entre no dicionário da Língua Portuguesa. Essa opção não teve um único voto na sondagem da semana passada aqui no blog. Nem mesmo com a campanha publicitária de telecomunicações que anda por aí.
O primeiro passo para a aceitação das expressões pode começar já hoje: "Dasse, nunca mais chega o calor para bebermos umas bejecas na esplanada!".

O sol e a peneira


A final da Taça da Liga em futebol, também conhecida por Carlsberg Cup, foi no sábado à noite. E não é para comentar a grande Vitória que serve este post. Descansem... Já foi tudo mais que visto e dito. É apenas para frisar o estado do nosso jornalismo. Vamos à página 4 de A BOLA, de ontem, domingo, 23 de Março. Numa pequena caixa referente à organização do evento é isto que se pode ler:


"Organização, Condições, Simpatia - Muitos parabéns à Liga.

Terminada a primeira edição da Taça da Liga, os responsáveis pela competição, a Liga de Futebol Profissional, estão de parabéns pela organização da final, desde o encaminhamento e apoio no Estádio do Algarve, à extraordinária recepção aos muitos jornalistas e, acima de tudo, terem um estádio cheio e uma noite de grande festa. (...) Pelo fantástico espectáculo, muitos parabéns!"


Este poderia ser um bom exemplo de jornalismo positivo, elogiar as coisas boas que vão sendo feitas em Portugal, sem ter medo das palavras. Mas não o é. É a visão distorcida de quem se esqueceu de consultar as 30 mil pessoas que encheram o Estádio do Algarve. Eu estive lá. Primeira fila da bancada central onde se encontravam os adeptos do Vitória, levei com o lateral do Sporting Grimi em cima quando uma jogada mais dura o obrigou a correr até à bancada, toquei e beijei a Taça quando os jogadores de Setúbal a vieram entregar aos adeptos. E posso dizer que a organização da final foi uma bela treta. Vamos por pontos:


- Uma hora à chuva para se poder entrar no estádio. Filas enormes que não avançavam de maneira nenhuma. É óbvio que os espectadores devem ser revistados, mas não por dois solitários funcionários numa porta (a número dois, por exemplo) onde estava um par de funcionários a tentar fazer o trabalho.


- Sendo que o Estádio do Algarve fica num descampado sem nada à volta e que as bancas de cerveja apenas comercializavam o produto sem álcool, é o mesmo que dizer que não havia cerveja à venda. Curioso foi o facto de, na Carlsberg Cup, a cerveja sem álcool ser Super Bock...


- Que importância tem a "extraordinária recepção aos muitos jornalistas" para os adeptos? Para quem compra o jornal? Esta coisa de querer ser notícia tem muito que se lhe diga, mas é assim que a coisa funciona. Não duvido que a Liga tenha recebido muito bem os jornalistas que se credenciaram para o evento, com zona VIP, cocktails, aperitivos, meninas vestidas com pouca roupa e cerveja com álcool. E então? Merece este tipo de louvor apenas por isso?