Hoje é o Dia da Terra e não se vai falar de outra coisa. Do impacto que o ser humano causa no planeta, da falta de respeito que temos pelo meio ambiente, da poluição, do aquecimento global, da camada do ozono, do Protocolo de Quioto que teima em não ser assinado por quem mais polui... Enfim, as questões que realmente importam se queremos deixar alguma coisa de jeito para quem vier depois de nós.
Coincidência macabra ou talvez não, hoje é também o dia de aniversário da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas. Passam nove anos desde o momento em que a entidade foi legalizada, criada por um grupo de pessoas que assim se apresenta no seu site: "Somos um grupo de casais, com três ou mais filhos; Acreditamos nos valores da família; Defendemos o direito à vida desde a sua concepção; Sentimos a necessidade de apoiar as famílias numerosas." Quanto aos objectivos da APFN prendem-se, por exemplo, com os "legítimos interesses das famílias numerosas, designadamente em matéria fiscal, de habitação, saúde e educação". Esta associação luta pelos direitos das famílias numerosas, mas só se fizerem parte do grupo, já que outro dos seus objectivos é a "obtenção de facilidades e descontos para os associados". Pelos vistos, só para os associados.
Dia da Terra e aniversário da Associação Portuguesa das Famílias Numerosas.
Há lá coisa mais contraditória? Não chegam já os que por cá andam sem família, a morrer de fome, sem afectos, sozinhos? É mesmo necessário aumentar a população de um planeta que vai rebentar pelas costuras e que não oferece qualidade de vida a 90% dos seus habitantes?