Em 2008, em pouco menos de três meses, temos assistido a algumas manifestações de repúdio em relação a determinadas campanhas publicitárias. Desta vez é a a Associação Nacional do Ramo Automóvel que se mostra irritada com o Banco Espírito Santo. Em causa estão os anúncios em que os vendedores de automóveis são retratados de acordo com as suas mais variadas características: uns fazem-se de coitadinhos, outros de amigos, de chicos-espertos ou de sentimentais. A Associação afirma que os vendedores e a sua imagem são denegridos e ameaça tomar uma "posição firme" se a campanha não for retirada.
A publicidade faz parte da nossa vida, entra no nosso dia-a-dia, domina-nos, obriga-nos a tomar decisões, leva-nos a escolher entre este e aquele produto. Com a televisão, as campanhas passaram a ser pequenos filmes, histórias curtas que procuram passar a mensagem do anunciante. E muitos dos 'reclames' ficam para a história, como os da a pasta medicinal Couto, do restaurador Olex ou do 'Tô Chim da Telecel. Na publicidade, tudo é permitido. Ou melhor, quase tudo é permitido.
No início deste ano, estalou a polémica entre escuteiros e a empresa Media Markt. Tudo porque os vendedores de electrodomésticos e a agência de publicidade com quem trabalham resolveram criar o reino da Parvónia para as suas campanhas, fazendo jus ao 'slogan' 'Eu é que não sou parvo'. De um grupo de quatro pessoas, uma delas está vestida como um escuteiro e isso irou os congéneres portugueses. Há um abaixo-assinado contra a Media Markt a correr na internet e o assunto é tabu se tiver de falar com um actual ou antigo escuteiro. Cuidado!
Se as crianças com menos de três anos tivessem direito a expressar a sua opinião e se reunissem numa qualquer associação, o que diriam das campanhas publicitárias de fraldas, papas de cereais e detergentes para a roupa? É que em todas elas, as crianças são retratadas como pequenos seres sem qualquer tipo de higiene que passam os dias a encher fraldas de excrementos e urina e que transformam as roupas que vestem em pedaços de tecido nojentos e mal-cheirosos cravejados de nódoas de comida.