Porquê? Why?

Há histórias que têm que ser contadas.
Há exemplos que têm que ser seguidos.
Há personagens que têm que ser desvendadas.
E nós merecemos um jornalismo diferente que nos mostre que ainda vale a pena.



05/08/10

Não vou de férias no Verão

São Jorge, Açores

Julho e Agosto são os melhores meses do ano para quem trabalha por conta própria nesta área do jornalismo e da escrita a metro.

É nesta época que as redacções se esvaziam de pessoas, de massa crítica e de ideias. Vai daí, deixa cá aproveitar o que os freelancers têm para oferecer.

Mas afinal, o que temos nós para oferecer que os outros não têm?
É simples. As nossas ofertas são menos dois meses de ordenado por ano (subsídios de férias e de Natal, bye, bye), nenhuns descontos para a Segurança Social, reduzidas contas telefónicas a partir das redacções, não gastamos electricidade da empresa porque trabalhamos em casa e queremos trabalhar.

Sim, queremos mesmo. Eu, pelo menos, quero.

Houve tempos em que estive em redacções, ganhava os 14 ordenados mensais, sempre a tempo e horas, a empresa descontava tudo certinho, tinha horas para entrar e horas para sair, pausas para cafés e cigarros, hora e meia de almoço e tempo suficiente para coçar a micose - curiosamente, nunca sofri desse mal, mas se tivesse sofrido, teria tido tempo para coçá-la.

Hoje não. E o hoje já são mais de dois anos e meio. Hoje levanto-me muito mais cedo que a maior parte dos meus colegas que trabalham em redacções e deito-me igualmente mais cedo que a maioria deles. A explicação é simples: gosto de escrever de manhã, perdi o gosto pela escrita à noite, essa visão romântica que jornalistas e escritores tanto gostam de exultar: Ai, o silêncio da noite, bla, bla...
Merda de boi, como dizem os americanos.

Pois hoje trabalho muito mais do que antes. Sim, recebo um pouco mais, mas também me dou ao luxo de recusar trabalhos que não me agradam. Se tenho que fazer fretes, pelo menos que sejam bem pagos. Claro que o mundo não é cor-de-rosa, mas cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas.

Onde é que eu ia?... Ah, deito-me mais cedo que a maioria dos meus colegas. Pois, é verdade.
Não participo de forma regular em jantaradas corporativas, não frequento os espaços do métier para ver e ser visto e não gosto de falar sobre as grandes correntes do jornalismo. Da mesma forma, também não me desgraço em noites de semana, nem faço por conhecer quem interessa nas diversas publicações, gente que me poderia ser muito útil para ter ainda mais trabalho.

Não tenho nada contra quem o faz, são opções.
Eu prefiro deitar-me a horas decentes e acordar de manhã para trabalhar.

Neste Verão, continuo disponível para trabalhar enquanto os outros gozam férias.
A cidade é só para mim, a ânsia de encher páginas faz com que quase todas as ideias sejam aceites e a capacidade de produção aumenta com o calor.
Mas... e há sempre um mas... não abusem.

Há limites para tudo e um tipo lá por ser freelancer não quer dizer que ande com as calças em baixo.

À vontade não é à vontadinha.