Porquê? Why?

Há histórias que têm que ser contadas.
Há exemplos que têm que ser seguidos.
Há personagens que têm que ser desvendadas.
E nós merecemos um jornalismo diferente que nos mostre que ainda vale a pena.



11/04/08

Bons votos

Continuam a decorrer as nossas Eleições Legislativas. Não se acanhem, basta um clique na opção que mais gostarem. Há para todos os gostos e ninguém vai ganhar um ordenado chorudo à custa dos resultados. Isto não é o Parlamento. É apenas para vermos como páram as coisas. Votem até domingo e os resultados estarão disponíveis na próxima segunda-feira. Aqui no blog, somos mais rápidos que a comissão eleitoral do Zimbabwe. E não Zimbabué!

Vamos a isso!


O Sol está de volta. Não há tornados e vendavais que nos afastem do fim-de-semana. E mesmo que chova um bocadinho, nós arranjamos forma de dar a volta à coisa. Cá vão algumas dicas para gozar da melhor forma os dias que se seguem. Aproveitem!

1 - Porto e Arcos de Valdevez recebem, hoje e amanhã, mais uma edição (a 18ª) do Festival Intercéltico. Encontros da Eira, Galandum Galundaina (Portugal), Beoga (Irlanda) e Xosé Manuel Budiño (Galiza) são os convidados de honra. Mais informações em http://www.discantus.pt/

2 - Os The Gift juntaram-se à Orquestra Metropolitana de Lisboa para um concerto especial em Guimarães. É hoje à noite, às 22h, no Centro Cultural Vila Flor, com entrada gratuita.

3 - A música continua com mais uma dupla de destaque. David Fonseca e a novata Rita Red Shoes vão estar amanhã no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, com ela a fazer a primeira parte dele. Para eles e para elas, boas razões para ir à Rua das Portas de Santo Antão.

4 - No escurinho do cinema, há um filme que anda a deixar muita gente nervosa. 'REC', é espanhol, realizado por Jaume Balagueró e Paco Plaza, e recebeu o prémio de Melhor Filme no Fantasporto deste ano. Mais um exemplo de como a indústria espanhola do cinema continua a dar cartas. E nós... nada!

5 - O velho lema 'Vá para fora cá dentro' continua actual. Que tal uma ida a Sagres? Bom peixe na mesa, boas paisagens à vista, o sossego que se merece. Boa viagem!

10/04/08

Fogo fátuo


Jacques Rogge é o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI) e acaba de pedir aos atletas que não percam a fé e a confiança no movimento olímpico. Dirigindo-se aos 205 líderes dos comités nacionais representados na competição, Rogge assegurou que os Jogos de Pequim vão ser bem organizados. E que a crise da tocha vai ser ultrapassada. Ou seja, tudo irá correr bem, sem boicotes e sem dar grande importância às manifestações pró-Tibete que decorrem em todo o Mundo. "Ficámos tristes com o que aconteceu em Londres e em Paris. Ficámos tristes pelos atletas e pelas pessoas que carregaram a tocha. Ficámos tristes pelas crianças que viram os seus heróis e modelos de exemplo serem apupados", disse o líder do COI.


Esqueceu-se de dizer que tinha ficado triste pelos tibetanos que não têm país, pelos atropelos humanitários na China, pelos dissidentes que são perseguidos, pela falta de liberdade de imprensa, pelo Golias que teima em massacrar o David. Esqueceu-se. Tal como a comunidade internacional se tem esquecido de criticar e sancionar a China. Esqueceu-se. É triste.

CADA UM TEM O QUE MERECE



Última chamada para o Tokyo


Ian Curtis deita cá para fora todas as angústias. Diz que o amor vai deixar-nos separados e a pequena multidão delira com os Joy Division. Entre uma cerveja de garrafa e mais um encontrão de quem quer passar para chegar ao bar, entram em acção os Cure. Há um grupo de betas que descobriram recentemente este refúgio. Dançam como se estivessem na Kapital, maldita a hora em que fechou. Parece que se mudaram todos para aqui. Algumas das caras ainda são as de sempre, as que não se preocupam com o facto de o espaço estar a rebentar pelas costuras. Vêm pela música. Também pela música aliás.


O Quim está à porta. Do lado esquerdo, as prostitutas em cima da caixa de electricidade ali na esquina. Do lado direito, o túnel da caixa de música e o bar de strip escondido sob o toldo branco. Em frente, a máquina de tabaco mais próxima, apesar de se situar na capital da Noruega. Aqui, para lá do balcão de madeira, os mesmos sorrisos de sempre, o cumprimento que se repete de cada vez que se transpõe a porta e se recua para o passado. Os loucos anos 80, dirão alguns. Os 70 e os 90 também o foram, os primeiros deste século continuam a sê-lo. E todos os passados e futuros foram e serão assim, só depende de quem os vive.


O poster dos Xutos não sai da parede, faz parte da mobília da casa. Não há noite em que não cantem. Reza a lenda e a realidade que terão tocado aqui, ao vivo, no final dos anos 70 ou princípio dos 80, quando eram magros, toxicodependentes e loucos. Hoje, só a última característica se mantém, mas com mais moderação. Quem já nada teme ecoa pelas paredes graças ao afinado coro sub-45 que não perde uma oportunidade para mostrar que a memória das letras continua bem viva. A temperatura é cada vez mais alta, caminha-se para as três da manhã e há apenas mais uma hora de viagem garantida.


O senhor João, a alma da casa, não está ali. Está em casa há uns bons meses, mas não há quem não pergunte por ele. Está melhor, vai ficar bom, está a lutar, dizem-me do outro lado do balcão. Manda-lhe um abraço. Está descansado, eu mando. Faz-se um brinde entre duas garrafas, entre duas pessoas que se descobriram ali e não mais se separaram. Pede-se mais uma música, como se estivesse em casa de amigos. Estamos mesmo.


Janis Joplin despede-se. Vai sair de Mercedes Benz. As luzes acendem-se, são quatro da manhã e é já tempo de partir. Imediatamente antes da saída, na parede ao lado do ar condicionado, lá estão eles, os três. São a prova de um tempo que, se não tivesse existido, teria sido uma perda irreparável para a Humanidade. Estão sentados. Mick, um branco no meio de dois pretos, está com pose de menino envergonhado. As mãos sobre as pernas, um sorriso de inocente num corpo cheio de culpa. Peter e Bob ladeiam-no e também eles sorriem. Tenho a certeza que, naquele momento, estavam felizes. Poderiam estar a rebentar de problemas, de dependências. Poderiam estar a viver à margem da lei, a colocar-se em risco, a fazer más opções. Mas naquele momento foram felizes. A foto de Mick Jagger, Peter Tosh e Bob Marley diz tudo. Olho-a uma e outra vez mais antes de sair do Tokyo, no Cais do Sodré, em Lisboa. Era bom que uma vez na vida, pelo menos uma vez na vida, todos pudéssemos ser assim tão felizes. Eu já fui e continuo a sê-lo. E vocês, o que é que têm feito para isso?

08/04/08

Osso do ofício


Em tempo de prémios, eis um dos mais significativos do Mundo. O Pulitzer para a categoria 'Breaking News Photography' foi entregue ao fotógrafo da Reuters Andrees Latif. A imagem é esclarecedora. É o momento em que o fotojornalista japonês Kenji Nagai tomba no chão depois de ter sido atingido por disparos das tropas birmanesas em Setembro de 2007. Decorriam as manifestações pela democracia em Myanmar - ou Birmânia, como preferirem - e este foi apenas mais um dos muitos jornalistas que todos os anos perdem a vida no exercício da sua profissão. E quanto à situação em Myanmar/Birmânia... nada de novo. A Junta continua no poder e os habitantes do país continuam a viver uma mentira. Pode ser que um dia se descubra petróleo em Myanmar

06/04/08

Vamos a votos


Se as Legislativas portuguesas fossem hoje e a consulta aos eleitores durasse uma semana, em quem votaria? Todas as hipóteses partidárias representadas no Parlamento estão na lista, bem como as possibilidades de não escrever nada no boletim, rabiscar uns insultos no papelinho ou nem pôr os pés na assembleia de voto. Neste último caso, não por ser domingo e por estar um maravilhoso dia de praia, mas somente por desinteresse pelo assunto. Desinteresse puro e duro. Vamos então a votos e tentar entender se as sondagens que são normalmente publicadas reflectem as nossas posições. Ou se são somente um acaso telefónico ou uma amostra representativa de um grupo de portugueses que ninguém conhece. Tal como nas eleições a sério, o voto é secreto. Não se precisam preocupar com represálias. Votem em consciência!

Força Mitras!

Está fechada a sondagem da semana passada aqui no blog. Escolhemos um nome para a selecção portuguesa que vai disputar o Campeonato da Europa neste Verão. Depois dos famosos Magriços e dos polémicos Tugas, a opção com mais votos foi 'Os Mitras', com 50% dos votos. Nada de estranhar, tendo em conta a proliferação deste género pela sociedade portuguesa. 'Os Mimados' foi a segunda escolha com mais votos, 40%, um belo adjectivo para os jogadores portugueses que teimam em bater o pé de cada vez que se fala nos prémios de jogo pela participação no Euro e a quantia que vão ganhar diariamente. Mercenários também seria uma boa opção, mas não foi a votos. Em terceiro lugar surge 'Os Brasucas', com 10% das escolhas (Scolari, Deco, Pepe... enfim) e no último posto, sem qualquer voto ficou o nome 'Os Cristianos'. Obrigado e preparem-se para a próxima sondagem.