Porquê? Why?

Há histórias que têm que ser contadas.
Há exemplos que têm que ser seguidos.
Há personagens que têm que ser desvendadas.
E nós merecemos um jornalismo diferente que nos mostre que ainda vale a pena.



25/09/09

Segunda, 28 de Setembro

Foi bem animada a noite de ontem. Depois de duas semanas de campanha oficial e praticamente um ano de preparação para as Legislativas, aqueles portugueses que costumam ir votar voltaram a fazê-lo. E os resultados estão bem à vista.

Depois da maioria absoluta alcançada em 2005 (45,05% dos votos e 120 deputados eleitos), o PS teve uma queda de mais de cinco por cento, mas conseguiu agarrar-se ao primeiro lugar. A diferença é que, desta vez, só se pode falar de uma maioria relativa. Desce o número de deputados, mas Sócrates apresentou-se à comunicação social como um vencedor. No contexto da crise mundial e do desemprego, o líder do PS agradeceu aos portugueses o voto de confiança para mais quatro anos à frente do Governo.

Aquela que poderia ser considerada a grande derrotada da noite não o foi. Pelo menos na totalidade. Manuela Ferreira Leite e o PSD não conseguiram ultrapassar os socialistas, mas confirmaram a boa dinâmica que vinha das Europeias. Depois dos 72 deputados alcançados em 2005 graças a 28,70% dos votos conseguidos, o PSD fica na casa dos 30%, mordendo os calcanhares ao PS. Ferreira Leite assegurou ao País que vai dar luta no Parlamento e que, pelo menos, foi alcançado um objectivo: a retirada da maioria absoluta por parte do PS.

O grande vencedor da noite foi o Bloco de Esquerda que conseguiu chegar a terceira força política. O descontentamento de quem tinha votado PS em 2005 transformou-se em combustível para o BE que ultrapassa os 10% dos resultados e o meio milhão de votantes. Depois dos 6,38% de 2005 e dos oito deputados eleitos, o BE quase que dobra a votação e o número de mandatos. Louçã era um homem feliz quando falou à comunicação social. Conseguiu em cerca de 10 anos fazer esquecer o PSR, a UDP, trotskistas e maoístas para criar um partido jovem e em crescimento.

A CDU, pelo contrário, não soube fazer essa passagem para o século XXI e continua a manter-se à tona de água graças a um eleitorado fiel que não desmobiliza nos maus momentos. Ultrapassou a barreira dos oito por cento (7,56% em 2005) e ganhou um deputado (14 em 2005), razões mais do que suficientes para Jerónimo de Sousa se mostrar agradado com o sufrágio, escusando-se a comentar a perda do terceiro lugar da política nacional. Talvez por dentro Jerónimo pense que a força do BE poderia ser a sua, se o PC se tivesse modernizado e adaptado às novas realidades, mas ortodoxo como é, talvez nem coloque essa hipótese. E a perda de protagonismo do PC continua.

Quem também não desapareceu completamente foi o CDS-PP. Portas fez um esforço considerável na última semana de campanha e isso viu-se nos resultados. O PP sobe ligeiramente em relação a 2005 (7,26%) e alcança mais um deputado, chegando agora aos 13 representantes. Junto com o PSD não consegue mais votos do que a Esquerda, mas Paulo Portas voltou a dar a volta ao texto em mais um dos seus discursos de noite eleitoral, transformando vencidos em vencedores. O PP não morre e há mais quatro anos de contestação pela frente.

Uma última palavra para a abstenção e para os que ficaram à porta do Parlamento. A percentagem de quem não foi às mesas de voto ficou pelos 32% (menos dois por cento que em 2005) e nenhum dos candidatos dos partidos mais pequenos conseguiu a eleição.

O exercício de futurologia fica por aqui. Daqui a duas semanas há mais.