Porquê? Why?
Há exemplos que têm que ser seguidos.
Há personagens que têm que ser desvendadas.
E nós merecemos um jornalismo diferente que nos mostre que ainda vale a pena.
03/05/08
02/05/08
Bater no fundo
A CNN/Opinion Research Corp. poll shows 71 percent disapprove of President Bush's job performance.
A CNN/Opinion Research Corp. survey released Thursday indicates that 71 percent of the American public disapprove of how Bush is handling his job as president. "No president has ever had a higher disapproval rating in any CNN or Gallup Poll; in fact, this is the first time that any president's disapproval rating has cracked the 70 percent mark," said Keating Holland, CNN's polling director.
Méééééééééééé !!!!!!!
01/05/08
Vade Retro Supermercado!
É verdade, senhor bispo. As pessoas deveriam mesmo abrir os olhos. E algumas pessoas deveriam também não querer impor a sua fé aos outros. Neste estado constitucionalmente laico e republicano em que vivemos - Laico: aquele que é hostil à influência, ao controlo da Igreja e do clero sobre a vida intelectual e moral, sobre as instituições e os serviços públicos - a sua opinião vale tanto como a de qualquer outra pessoa. Seja ela católica ou não.
Seguindo a linha de raciocínio da LOC e do bispo das Forças Armadas, vamos também batalhar para que os hipermercados estejam fechados sempre que houver um bar mitzvah ou sempre que for altura de Ramadão. Não queremos ofender os judeus nem os muçulmanos com a nossa sociedade consumista nas suas alturas de festa ou de jejum.
Quem quiser passar o domingo em família, poderá fazê-lo. Mesmo que os hipermercados estejam abertos. E quanto aos funcionários obrigados a trabalhar, essa é uma questão relacionada com a flexibilidade e polivalência, leis laborais e precariedade no posto de trabalho, matérias sobre as quais poucos ou nenhuns comentários se ouviram da boca da LOC ou de Torgal Ferreira.
Livre arbítrio, possibilidade de escolha, capacidade individual de decisão. Ora aí estão algumas qualidades humanas com as quais as religiões e seitas deste mundo nunca souberam lidar muito bem. Talvez esteja mesmo na hora de as pessoas abrirem os olhos.
30/04/08
CADA UM TEM O QUE MERECE
Há lugar para mais um?
Pela frente ainda tínhamos mais nove horas de caminho. Pelo menos. Outras tantas já tinham sido cumpridas desde o momento em que Merzouga, no desértico sul de Marrocos, se tinha transformado numa miragem. Três dias em treinos com equipas portuguesas que iriam participar no Dakar 2006. Isto no tempo em que ainda havia Dakar a sério, daqueles que partia da Europa e chegava a África.
Acordávamos às seis da manhã, por vezes mais cedo. E deitávamo-nos pouco antes disso. Ainda bem que estávamos num auberge do deserto. Não havia nada para fazer, mas encontrámos sempre qualquer coisa para passar o tempo. O Enfermeiro, assim era conhecido o massagista marroquino autodidacta que servia a equipa portuguesa de todo-o-terreno, animava as noites. Pegava nos tambores em pele de cabra, juntava mais dois ou três companheiros de estrada e o espectáculo nascia. Não largava o pequeno cachimbo de kif nem o copo de whisky. E era muçulmano, imagino se não fosse.
Todos os dias, à volta dos jipes de alta cilindrada e camiões carregados de equipamento, juntavam-se dezenas de crianças, conhecidas de outras viagens, de outros treinos. Vestiam camisolas de Portugal, bonés do Benfica e diziam palavras soltas em português. Só para agradar, para comunicar, para receber alguma coisa em troca. Nunca voltavam para casa de mãos a abanar. Era uma festa todos os dias. Terminava quase sempre à mesa, com leitão assado e cerveja nacional trazida nos camiões desde Lisboa.
O regresso fez-se a custo. Nove horas depois de termos saído desse enclave em Merzouga, deparámo-nos com este cenário. No meio da estrada, a andar a 30 ou 40 quilómetros por hora - talvez menos - um camelo dos tempos modernos transportava tudo o que era possível: pessoas, sacos, móveis, carrinhos de mão, plásticos, jantes de automóvel... o que coubesse seguia viagem. Ainda hoje continuo sem saber como se alcança tal estado de equilíbrio. Mas já sei como é possível ter um sorriso nas mais miseráveis condições de vida.
Basta relativizar.