Porquê? Why?
Há exemplos que têm que ser seguidos.
Há personagens que têm que ser desvendadas.
E nós merecemos um jornalismo diferente que nos mostre que ainda vale a pena.
04/04/08
Imperador Augusto
Augusto Brázio é o vencedor da oitava edição do Grande Prémio Fotojornalismo Visão/BES. O fotógrafo freelancer que faz parte do colectivo Kameraphoto foi distinguido graças à imagem de uma mulher de 19 anos com o filho recém-nascido, sendo assistida por elementos do INEM. Essa mesma imagem triunfou também na categoria Notícias. Augusto explicou ao JORNAL DE NOTÍCIAS a história que originou a imagem: Num sábado de madrugada, enquanto acompanhava uma equipa do INEM, "fomos chamados para um parto que se ia fazer em casa", num bairro social, lembrou Brázio. "Quando chegámos, a mãe, de 19 anos, já estava em trabalho de parto", e preparava-se para ter o terceiro filho, disse. "Aconteceu muito rápido, nem pedi autorização para fotografar, só depois", confessou o autor, porque "foi um momento extraordinário". A fotografia foi tirada "no final, já na ambulância, a caminho do hospital, onde o bebé ia para fazer os testes", concluiu Brázio.
Parabéns Augusto!24 Hour Party People
03/04/08
De olhos bem fechados
"EUA: Rapariga de 14 anos dá à luz na casa de banho da escola
Uma rapariga de 14 anos da área de Huston deu à luz um bebé, quarta-feira, numa casa de banho da sua escola secundária, e tentou depois descarregá-lo pela sanita, matando o recém-nascido, disse a polícia."
Pílulas, preservativos, educação sexual, planeamento familiar...
Claro que não!
Sexo só para procriação. De resto, é pecado.
02/04/08
CADA UM TEM O QUE MERECE
Os pés já estão a passar para o azul, depois da vermelhidão e das comichões iniciais. Só doem ao final do dia, quando o corpo tem tempo para descansar. A mente, essa, passou o dia a viajar, a deitar contas à vida, a fazer projectos e a analisar erros do passado. Só a falta de oxigénio impediu que os pensamentos fossem mais profundos. "Estamos quase", diz-me o Coelho. "Só falta o quase". A última noite antes de Aguas Calientes é passada num baldio de uma pequena aldeia cujo nome se apagou. Não sei mesmo se teria nome. Tinha, claro. Tinha nome de um qualquer santo espanhol como tantos outros lugares na América Latina. Um rés-de-chão com as portas fechadas é o bar da aldeia. Freddy, o guia peruano, faz meia dúzia de contactos e em cinco minutos as portas estão abertas, a bola de espelhos já roda e a música sai do computador. Na parede, um poster da Tina Turner e outro de uma praia paradisíaca. Saem cervejas atrás de cervejas, são oito da noite, mas podiam ser seis da manhã. É a descompressão. Amanhã só temos que caminhar quatro horas, coisa leve, comparada com as dez dos dias anteriores.
O despertar é o de sempre, um abanão da tenda e a voz do Cochiuato, o cozinheiro da expedição: "Buenos dias portugueses! Té de Coca." Lá vem o chá que mata o mal de altitude e acorda o corpo para a última caminhada. Tudo é feito com mais calma, estamos quase a chegar. Aguas Calientes é o retrato do turismo, a porta de entrada em Machu Picchu, não vale a pena perder muito tempo por lá. Tirando o posto médico, a injecção cavalar para matar a infecção nos pés e as 12 horas seguidas de sono, pouco mais me lembro.
Às seis da manhã estamos a entrar no santuário de Machu Picchu. Sem palavras, apenas com silêncio. Chegámos. É aqui. Não se escondem emoções. Ajoelho-me e baixo a cabeça. Estou sozinho, somos cerca de 20 pessoas num dos mais fantásticos locais do planeta. Está cada um para seu lado, a exorcizar os seus fantasmas, a recuperar a fé perdida em nós próprios. Portugal está do outro lado do Mundo, à beira de outro Oceano. O sol já queima quando, por volta do meio dia, sacamos do pão e das latas de atum. Estamos com Sven, um holandês comissário de bordo que se prepara para sentir Portugal no Peru. Saca-se o canivete e abrem-se as duas garrafas de meio de litro de Super Bock, trazidas desde Lisboa. As mãos estão lambuzadas de azeite e atum, o pão está rijo e a cerveja está quente, está morta. Mas foi um dos melhores almoços da minha vida.