Vicente Moura é o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP). Foi Chefe de Missão em 1984 quando Portugal conquistou a primeira medalha olímpica de ouro através de Carlos Lopes na maratona. Entre 1990 e 1992 foi presidente do COP, saíu e voltou em 1997. Até hoje. O comandante do desporto português nasceu em 1937, tem 71 anos. A idade de reforma em Portugal é aos 65, mas isso não vem ainda ao caso. Se ele fosse competente, poderia continuar no cargo até aos 100 anos.
Mas Vicente Moura não mostrou competência nos Jogos de Pequim. Antes de a Missão portuguesa partir para a China, o líder do COP falou na conquista de cinco medalhas e 60 pontos. Disse que 11 dos atletas até poderiam chegar a uma medalha. Dois atletas voltaram medalhados: Nélson Évora (ouro no triplo salto) e Vanessa Fernandes (prata no triatlo). Vicente Moura prometeu em Agosto que se iria demitir em virtude dos maus resultados. Depois, com a vitória de Nélson Évora, voltou atrás. Manuel Boa de Jesus, chefe de missão em Agosto último, elaborou um relatório da competição que não corresponde à verdade defendida pelos atletas.
E a Comissão de Atletas Olímpicos tomou hoje posição sobre uma provável recandidatura de Vicente Moura ao cargo. Estão contra.
Eis algumas razões, divulgadas hoje, em conferência de imprensa, por Nuno Fernandes, representante dos atletas:
- “O presidente do COP não se tem portado à altura dos atletas. Fomos abandonados quando mais precisávamos de apoio. Gostaríamos que o movimento associativo ouvisse os atletas e encontrasse alternativas. Gostávamos de uma mudança"
- Sobre o caso Marco Fortes (o atleta que referiu que de manhã se estava bem era na caminha e foi convidado a voltar a casa mais cedo): "Teve uma frase infeliz, que foi retirada do contexto e vai ter que aprender com esse erro, mas não se dopou, não agrediu ninguém e não desrespeitou o espírito olímpico e, por isso, nunca, nunca, nunca deveria ter sido expulso"
- “Por que razão um líder que sucessivamente prometeu cinco medalhas e 60 pontos, e falhou redondamente, quer continuar à frente do comité?”
- “Basta dos jogos de compromisso, do contorcionismo federativo e manobras de bastidores. Aceite a derrota e saia se ainda tem honra”
- “É tempo de dar um murro na mesa e pedir às federações que ouçam os atletas. Exigem-nos a excelência, temos que exigir o mesmo aos dirigentes”
Sem o apoio dos atletas olímpicos, restará outra solução a Vicente de Moura senão a de ir para casa escrever as suas memórias?