Vi em rodapé televisivo, ouvi na rádio, li no jornal, procurei na Internet e pensei: "Será que é mesmo verdade?" A questão fazia todo o sentido. Pelo menos, para mim.
Por um lado queria acreditar que, finalmente, um líder espiritual dos católicos tinha dito alguma coisa acertada em relação ao preservativo e ao seu uso. Afinal, já passaram mais de 3000 anos (exacto, três mil) desde que os egípcios começaram a usar algo semelhante ao preservativo na protecção contra as doenças sexualmente transmissíveis. Depois das tripas de animais, das faixas de tecido ou das protecções de couro, o preservativo em látex, tal como o conhecemos, surgiu. Já foi na década de 1950, mas mesmo assim não havia meio de um Papa assumir a sua importância na luta contra doenças terríveis. Seja ela a sífilis ou aquela outra que todos os anos ajuda a matar milhões - e infecta muitos mais - em todo o Mundo. Como é que aquilo se chama mesmo?...
Sida. É isso.
Pois... Tentei informar-me melhor sobre as declarações revolucionárias de Bento XVI. Então, mas o homem nunca disse uma palavra acertada sobre o assunto e agora, de repente, o preservativo já é uma coisa mais ou menos boa? Hummm... cheirou-me a esturro. E não é que estava certo?
Já hoje, um porta-voz do Vaticano veio explicar melhor a coisa. Veio quase que assustado, depois de ver tantas boas reacções às palavras progressistas e inteligentes da sua -dele- Santidade.
E rectificou.
Afinal, o Papa não quis dizer que o preservativo deve ser usado a torto e a direito (não resisti...).
Só pode ser utilizado em casos excepcionais e como medida de protecção, podendo reduzir o risco de infecção. Deu, Bento XVI, o exemplo dos "prostitutos". Não o dos trabalhadores da prostituição em geral, só eles. Quanto a elas, não foram especificadas medidas de protecção.
E fiquei também a saber que, no livro de onde teriam sido sacadas as progressistas e inteligentes afirmações de Bento XVI - Luz de Deus: O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos, está também escrito: "Os preservativos não são a melhor forma de lutar contra o mal da sida".
Em Julho de 1920, quando Joseph e Maria Ratzinger, futuros pais do petiz Joseph, se conheceram (dizem as más-línguas, através de um anúncio de jornal), não sabiam ainda que o preservativo poderia ter outra função além de salvar vidas: evitá-las.
Sem comentários:
Enviar um comentário