Porquê? Why?

Há histórias que têm que ser contadas.
Há exemplos que têm que ser seguidos.
Há personagens que têm que ser desvendadas.
E nós merecemos um jornalismo diferente que nos mostre que ainda vale a pena.



25/01/08

Só ouvido


A conversa telefónica que a SIC NOTÍCIAS está a reproduzir nos seus noticiários de hoje é um dos melhores retratos alguma vez transmitidos em televisão daquilo que ainda é hoje Portugal. O diálogo entre a operadora do INEM e o bombeiro da corporação de Alijó é um elogio à incompetência. A história conta-se rápido: um homem cai de uma escada e morre. A família pede ajuda ao INEM, sem saber o que dizer. Pensam que o indivíduo estará morto mas não têm a certeza. O serviço de emergência médica liga para os bombeiros a pedir uma viatura para ir ao local. Nem os Monty Phyton ou os Gato Fedorento se lembrariam de uma coisa assim. O bombeiro não tem caneta para tomar nota do pedido de ajuda, não entende o que dizem do outro lado do telefone, confunde os números, há risos como ruído de fundo e ele está sozinho na corporação, por isso não se pode deslocar. "Mas é para lá ir?", pergunta ele. "Estou a ligar para os bombeiros, não estou?", pergunta ela. E a ajuda chegou duas horas depois do telefonema da família. Se o homem não tivesse morto, bombeiros e INEM tinham conseguido matá-lo. Pela espera, pela falta de auxílio, pela incompetência, pelas ordens de cima que têm sempre que ser seguidas, pela falta de iniciativa, pela estupidez.

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