Porquê? Why?

Há histórias que têm que ser contadas.
Há exemplos que têm que ser seguidos.
Há personagens que têm que ser desvendadas.
E nós merecemos um jornalismo diferente que nos mostre que ainda vale a pena.



06/07/09

Todas as luzes do Mundo

Shinjuku, Tokyo

Faltam menos de duas horas para Cristiano Ronaldo ser apresentado como jogador do Real Madrid.

Já se sabe dos 94 milhões de euros, das 80 mil pessoas esperadas na apresentação, do impacto mediático do melhor jogador do Mundo em 2008. Contam-se as pessoas presentes na apresentação de Maradona como jogador do Nápoles ou de Kaká, na semana passada no mesmo Santiago Bernabéu.

As televisões estão à porta do estádio do gigante de Madrid, entrevistam as adolescentes na fila para entrar e os rapazes que querem ser como o Ronaldo. É-lhes perguntado o que pensam de Cristiano, se é bonito, se é um bom jogador, se vai ter sucesso na capital espanhola, se vai resistir às tentações da movida e das perfumadas espanholas.

Madrid não é Manchester. Em Espanha, Ronaldo vai ser um homem quase só, sem o "pai" Ferguson a controlar-lhe os passos ou sem os companheiros de equipa mais velhos (Ryan Giggs ou Paul Scholes) a influenciar o seu estilo de vida.

Cristiano Ronaldo vai estar por sua conta e risco, acompanhado pela mãe, pelas irmãs, pelos amigos, pelo ex-cunhado, pelo empresário e pela equipa que com ele trabalha. Cristiano tem muitos inimigos: os adversários, os invejosos, as caça-fortunas, os papparazis, as ex-namoradas, os críticos das suas actuações pela selecção nacional, os adeptos dos outros clubes que não o Real Madrid. A lista continua, cresce todos os dias. E Cristiano Ronaldo é o único culpado disso.

Dentro de campo é o melhor jogador da actualidade, o mais mediático. Esse mérito ninguém lhe tira. Mas hoje em dia, o futebol é um fenómeno global, uma montra e dos seus praticantes querem-se exemplos para a sociedade. Fora do campo, Ronaldo não é um bom exemplo. Infelizmente para ele.

É arrogante como Mourinho, mas não tão inteligente como o treinador português.
É o sonho dos publicitários como Beckham, mas sem a estrutura mental - já de si fraquinha - do jogador inglês.
É excelente jogador como Kaká ou Messi, mas sem a humildade dos dois astros sul-americanos.

É Cristiano, o miúdo da Madeira a quem muito se desculpa por ter crescido num meio desfavorecido, numa família problemática, esquecendo-se que saiu de casa dos pais aos 11 anos e já viveu mais de metade da sua vida fora dos tais problemas familiares.

CR7 ou CR9 ou CR10 é uma imagem de marca, um ícone onde a humildade não abunda. Os seus fãs vestem-se como ele, querem ser como ele, pensam em dinheiro como ele. O futebol no século XXI é apenas o reflexo da sociedade em que vivemos. Sem valores, a não ser os da conta bancária.

3 comentários:

Cochiuato disse...

Desporto Vs. Educação

O Cristiano Ronaldo é o melhor futebolista do mundo e deve-o a si, porque meteu na cabeça que queria ser o melhor do mundo, treinou até à exaustão, e já atingiu o estatuto que sempre desejou. A ambição que tem, que muitas das vezes roça a arrongância, dá-lhe a força mental de entrar em qualquer campo focado e de cabeça erguida. Mesmo sendo assobiado o jogo todo e sabendo que é o jogador mais detestado sempre que joga fora, tem momentos de genialidade e é imprescidível em qualquer jogo.

O Sporting realmente criou um grande jogador.

Obviamente que as coisas não surgem por acaso, e aquele miúdo que saiu de um dos sítios mais pobres de Portugal aos 11 anos, não teve um acompanhamento familiar que lhe transmitissem valores básicos. O mundo onde sempre viveu foi um mundo de competitividade, o seu principal objectivo na vida é vencer, é ser o melhor.

Objectivamente a escola não deve ter sido a prioridade do Cristiano Ronaldo, depois de levar uma negativa não deve ter levado o teste à Madeira para os pais verem, nunca deve ter sentido uma pressão para ser o melhor na educação.

Portugal já tem graves problemas no que concerne à Educação, mas quando os clubes de futebol são responsáveis pela educação de um atleta, medo... ponham as mãos na cabeça e olhem para o Ronaldo.

O novo fenómeno no futebol é contratar miúdos que ainda nem sequer atingiram a puberdade, tirá-los do seu meio familiar e fechá-los numa academia.
Óptimo, teremos jogadores fantásticos daqui a uns anos, convinha no entanto para além de formar o jogador, formar o homem.

O Sporting falhou na formação do Homem.

Ricardo Santos disse...

Estás lá, Cochiuato.

Soph disse...

Cochiuato... estou SEM PALAVRAS!!!

... mas ADORO o MEU SPORTING... even if...