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28/09/09

Não poderia concordar mais

Passadas as eleições e os exercícios de futurologia que não saíram assim tão errados, como se pode comprovar no post anterior, é altura de mudar de assunto. Vai daí, apanhei esta notícia no Diário Digital. Bate certo.

segunda-feira, 28 de Setembro de 2009 | 07:30
Ateístas condenam «politização» da visita papal por Cavaco

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) considerou que o anúncio da visita do Papa a Portugal feito pela Presidência da República antes das eleições legislativas constituiu «uma politização inadmissível daquilo que é apenas matéria de crença pessoal».

Em comunicado, a AAP sublinha que o anúncio feito por Cavaco Silva ocorreu «contra a vontade da própria Conferência Episcopal», com quem terá concordado fazê-lo em conjunto e após as eleições legislativas.

«A visita de um papa católico é assunto da Igreja católica e não matéria do Estado português», assinala a AAP.

«Num Estado laico o Papa é apenas um líder religioso. Que o cidadão Cavaco Silva se regozije é um direito; que o chefe de Estado de um país laico exulte com a visita do seu líder espiritual é uma interferência nefasta da política na religião, e vice-versa.»

Diário Digital / Lusa

9 comentários:

disse...

E eu claro...discordo bastante...Não me parece que haja qualquer tipo de confusão, em Portugal, acerca da laicidade do Estado, ou qualquer indício de discriminação religiosa. Pelo contrário, é um exemplo de respeito por uma realidade com evidente impacto no mundo e, muito em particular, na sociedade portuguesa. Que dizer, então, dos convites feitos pelo Presidente da Turquia e Rei da Jordânia? E seria igualmente reprovável de se tratasse de um líder muçulmano, budista, judeu...? Confesso que nunca senti, em Portugal, necessidade de uma associação para defesa do ateísmo mas...causas são causas e também esta tem de ser respeitada.

Ricardo Santos disse...

E eu acho muito bem que as pessoas discordem umas das outras. É claro que seria reprovável se se tratasse de qualquer outro líder religioso e é-me indiferente a existência de uma associação de ateístas. O que me choca é esta reverência excessiva a um determinado credo quando a nossa Constituição refere claramente que Portugal é um estado laico e republicano. A vinda de Bento XVI a Portugal tem que ser vista do ponto de vista religioso, é óptimo para os católicos, mas Cavaco é o Presidente de todos os portugueses, não apenas dos católicos. A fazer estas vénias diplomáticas terá que as fazer a todos os outros líderes religiosos, independentemente de representarem 50, 10 ou 1 por cento da população. Ou então não as faz a nenhum. Por isso, talvez seja melhor o Cardeal Patriarca ficar sossegado no seu mundo de faz de conta em vez de se imiscuir na vida real de um país que precisa é de mais acção e mais ajuda aos carenciados e menos folclore e depósitos milionários de congregações religiosas em bancos falidos. Cordialmente, este seu querido.

Soph disse...

Hum... pois!

Gosto das vossas 2 opiniões - concordo com as 2 e respeito as 2!

Acho este post muito pertinente.

Até porque... ainda não tinha pensado nisto!

nat disse...

Vejamos o lado positivo da coisa... pode ser que venha uma amnistia qualquer e que o Papa, quando regressar a Itália, perdão, ao Vaticano, leve consigo as multas de estacionamento que a malta tem por aí pendentes.

disse...

Não é que tenha de ter a última palavra...mas...Sim, faz sentido que receba outros líderes religiosos, pois é realmente o Presidente de todos os portugueses; os exemplos dos convites ao Papa de países muçulmanos são um exemplo louvável, de abertura de espírito e respeito, em que nos devemos rever; diplomacia não é sinónimo de vénia - quanto mais pontes menos discriminação e radicalismo; os donativos cabem na esfera da liberdade individual de cada um...na minha opinião há causas ainda mais reprováveis, mas, de novo, não posso ter a veleidade de me poder imiscuir nesses assuntos...

Ricardo Santos disse...

É engraçado falares de pontes e de menos discriminação e radicalismo quando o historial da Humanidade aponta para a grande maioria das guerras entre países ter um cariz religioso. E podes imiscuir-te em todos os assuntos, podemos todos fazê-lo - essa é a grande vantagem de vivermos num estado livre, republicano, laico onde ninguém pode calar as opiniões. Nem um chefe de Estado, nem uma qualquer Inquisição de qualquer credo religioso. Os tabus, os pecados, os dogmas devem ser debatidos livremente.

Nat, se é essa a grande vantagem de o Papa visitar Portugal, eu prefiro pagar as multas de trânsito e estacionamento.

disse...

E o historial da Humanidade demonstra: que as religiões não terminaram (mesmo sendo essa a vontade dos mais iluminados e conhecedores da História da Humanidade), que as posições radicais precipitaram essas mesmas guerras e que as pontes são a única coisa que as evita... Ninguém falou de calar as opiniões (não obstante a piada deste discurso arrebatado, em harmonia com o período que vivemos), mas prezo muito o bom senso de quem percebe quando é adequado exprimi-las.
E não volto a responder!! O meu bom senso definiu este limite Eheheheh

Ricardo Santos disse...

Os discursos arrebatados são sinal de que as pessoas estão vivas, de que acreditam, de que querem fazer alguma coisa para que tudo mude para que nada fique igual. Para a semana de 13 de Maio de 2010, Badajoz parece-me um destino excelente.

nat disse...

só estava a brincar com a situação :) Tomem lá para se rirem

Uma aranha na batina do Papa