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03/10/09

Invertebrados, banha da cobra e trampa

Meus caros e minhas caras,

Gostaria de partilhar convosco este surpreendente artigo de opinião de Vasco Graça Moura, no Diário de Notícias do passado dia 30 de Setembro, na sequência dos resultados eleitorais.

Agradeço os vossos comentários.

Mais do mesmo

O povo português acaba de demonstrar a sua fatal propensão para viver num mundo às avessas. Não há nada a fazer senão respeitá-la. Mas nenhum respeito do quadro legal, institucional e político me impede de considerar absolutamente vergonhosa e delirante a opção que o eleitorado acaba de tomar e ainda menos me impede de falar dos resultados com o mais total desprezo.

Só o mais profundo analfabetismo político, de braço dado com a mais torpe cobardia, explica esta vitória do Partido Socialista.

Não se diga que tomo assim uma atitude de mau perdedor, ou que há falta de fair play da minha parte. É timbre das boas maneiras felicitar o vencedor, mas aqui eu encontro-me perante um conflito de deveres: esse, das felicitações na hora do acontecimento, que é um dever de cortesia, e o de dizer o que penso numa situação como aquela que atravessamos, que é um dever de cidadania.

Opto pelo segundo. Por isso, quando profiro estas e outras afirmações, faço-o obedecendo ao imperativo cívico e político de denunciar também neste momento uma situação de catástrofe agravada que vai continuar a fazer-nos resvalar para um abismo irrecuperável.

Entendo que o Governo que sair destes resultados não pode ter tréguas e tenciono combatê-lo em tudo quanto puder. Sabe-se de antemão que o próximo Governo não vai prestar para nada!

É de prever que, dentro de pouco tempo, sejamos arrastados para uma situação de miséria nacional irreversível, repito, de miséria nacional irreversível, e por isso deve ser desde já responsabilizado um eleitorado que, de qualquer maneira, há--de levar a sua impudência e a sua amorfia ao ponto de recomeçar com a mais séria conflitualidade social dentro de muito pouco tempo em relação a esta mesma gente inepta a quem deu a maioria.

O voto nas legislativas revelou-se acomodatício e complacente com o status quo. Talvez por se tratar, na sua grande maioria, de um voto de dependentes directos ou indirectos do Estado, da expressão de criaturas invertebradas que não querem nenhuma espécie de mudança da vidinha que levam e que se estão marimbando para o futuro e para as hipotecas que as hostes socialistas têm vindo a agendar ao longo do tempo. O que essa malta quer é o rendimento mínimo, o subsídio por tudo e por nada, a lei do menor esforço.

Mas as empresas continuarão a falir, os desempregados continuarão a aumentar, os jovens continuarão sem ter um rumo profissional para a sua vida. Pelos vistos a maioria não só gosta disso, como embarcou nas manipulações grosseiras, nas publicidades enganosas, nas aldrabices mediáticas, na venda das ilusões mais fraudulentamente vazias de conteúdo.

A vitória foi dada à força política que governou pior, ao elenco de responsáveis que mais incompetentemente contribuiu para o agravamento da crise e para o esboroar da sustentabilidade, ao clube de luminárias pacóvias que não soube prevenir o desemprego, nem resolver os problemas do trabalho, nem os da educação, nem os da justiça, nem os da segurança, nem os do mundo rural, nem nenhuma das demais questões relevantes e relativas a todos os aspectos políticos, sociais, culturais, económicos e cívicos de que se faz a vida de um país.

Este prémio dado à incompetência mais clamorosa vai ter consequências desastrosas. A vida dos portugueses é, e vai continuar a ser, uma verdadeira trampa, mas eles acabam de mostrar que preferem chafurdar na porcaria a encontrar soluções verdadeiras, competentes, dignas e limpas. A democracia é assim. Terão o que merecem e é muitíssimo bem feito.

O País acaba de mostrar que prefere a arrogância e a banha de cobra. Pois besunte-se com elas que há-de ter um lindo enterro.

A partir de agora, só haverá mais do mesmo. Com os socialistas no Governo, Portugal não sairá da cepa torta nos próximos anos, ir-se-á afundando cada vez mais no pântano dos falhanços, das negociatas e dos conluios, e dentro de pouco tempo nem sequer será digno de ser independente. Sejam muito felizes

7 comentários:

nat disse...

Parece-me que o Vasco Graça Moura deveria estar a contar com algum job for the boy (como se ser eurodeputado não tivesse sido, por si só, um belo job), tivessem os resultados sido diferentes.
Compreendo a sua revolta... e em alguns casos até concordo com o que diz. Mas enquanto não houver uma alternativa credível (que por mais que alguns partidos políticos nos falem ao coração, convenhamos... não existe), os portugueses irão continuar a votar naqueles que lhes continuam a prometer potes de ouro no fundo do arco-íris, isto sem quererem pensar muito se haverá um arco-irís ou não.

Agora há algo que discordo mesmo... analfabetismo político é o que é defendido por aqueles que não metem os pés nas mesas de voto nos dias de eleições.

Anónimo disse...

Tudo muito certo. O direito à indignação e o de privilegiar o imperativo cívico de denunciar uma catástrofe às cínicas demonstrações de fair-play político. Mas...mas...se Sócrates não vencesse, a alternativa era assim tão melhor? Era, sequer, melhor? E a alternativa do VGM - a Ferreira Leite - era melhor? O grau de probabilidade de um "sim" a estas perguntas apresenta-se por ordem descrecente (e partindo de uma base já de si reduzida).
E os governos de Cavaco e Durão foram imunes às negociatas e conluios referidos? Olhe que não, ilustre ensaísta...

Ricardo Santos disse...

Pois é, Nat e Anónimo, a palavra-chave parece ser ALTERNATIVA. O VGM tem direito à sua opinião é à sua visão, mas que outra proposta sem ser a de Sócrates parecia realmente melhor? Quer-me parecer que quem ganhou as eleições foi o Mal Menor e o Para Pior Já Basta Assim.

Anónimo disse...

Pois, essa é a questão: havia alternativa? Não, claro que não. Mas o que importava a alguns, como VGM, era apenas "tirar o Sócrates de lá". Para quê? Para travar a avaliação dos professores? Para deixar os pobres dos médicos em paz e não os obrigar a cumprir um horário? E, já agora, essa dos subdídios, essa do "vão trabalhar o preguiçosos!", vinda de VGM ou de Portas, tem graça; não dá para morrer a rir, mas tem a sua piada. Porque não vamos todos fazer um parttime na AR, ou "na Europa", e depois sacamos uns subsídios vitalícios de milhares de euro? Assim era mais justo, como é para VGM? Como é para Paulo Portas? Pois. Ric, diz ao VGM que não se preocupe, que a vida dele não ficará mais complicada. Afinal, VGM recebe bom dinheiro a opinar: parece que tem trabalho a rodos para os próximos tempos. Ana M.

Ricardo Santos disse...

De facto, é isso mesmo, não havia uma alternativa de jeito. Resta esperar que apareça, nem que seja para forçar o actual estado de coisas a mudar. Eu não conheço o VGM e duvido que o senhor passe aqui pelo blog, mas se o vir por aí dou-lhe o teu recado: Para não se preocupar, não é?

Soph disse...

Nestas coisas de Política... gosto sempre de ter ESPERANÇA e acreditar que o FUTURO também depende de ti, dela, dele, de nós, de mim...

Anónimo disse...

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