Agora que os acontecimentos no bairro da Quinta da Fonte, Loures, tendem a desaparecer da comunicação social e deixam de fazer parte das capas de jornais e das aberturas dos noticiários, talvez se possa falar do assunto.
Há cerca de oito meses, fiz um trabalho com os elementos da esquadra da PSP de Sacavém para a revista NS - Notícias Sábado. Passei alguns dias e noites com os polícias encarregues de patrulhar, entre outros locais problemáticos, a Quinta da Fonte e pude presenciar a tensão étnica e social que se vive naquele bairro, à semelhança do que acontece com tantos outros.
Os habitantes do bairro foram para ali levados para que se pudesse construir a Expo 98. Tiveram que ser realojados e ali se construíram blocos de apartamentos, ruas, pracetas e becos para onde foram viver portugueses com as mais variadas raízes - europeias, africanas ou ciganas - bem como cidadãos estrangeiros vindos da Índia ou Paquistão. O cadinho cultural no seu melhor.
Quem os juntou, esqueceu-se dos conflitos sociais e étnicos, do desemprego, da toxicodependência, do pequeno crime. Esqueceu-se que não basta dar casas e realojar, é preciso ensinar a pescar.
Há cerca de oito meses, fiz um trabalho com os elementos da esquadra da PSP de Sacavém para a revista NS - Notícias Sábado. Passei alguns dias e noites com os polícias encarregues de patrulhar, entre outros locais problemáticos, a Quinta da Fonte e pude presenciar a tensão étnica e social que se vive naquele bairro, à semelhança do que acontece com tantos outros.
Os habitantes do bairro foram para ali levados para que se pudesse construir a Expo 98. Tiveram que ser realojados e ali se construíram blocos de apartamentos, ruas, pracetas e becos para onde foram viver portugueses com as mais variadas raízes - europeias, africanas ou ciganas - bem como cidadãos estrangeiros vindos da Índia ou Paquistão. O cadinho cultural no seu melhor.
Quem os juntou, esqueceu-se dos conflitos sociais e étnicos, do desemprego, da toxicodependência, do pequeno crime. Esqueceu-se que não basta dar casas e realojar, é preciso ensinar a pescar.
Na Quinta da Fonte, os prédios foram construídos sem pensar na segurança das populações. O que deveria ser um espaço aberto, iluminado e seguro, é um conjunto de arcadas e recantos, locais propícios ao ajuntamento de grupos de rapazes e raparigas que nada fazem na vida além de passar o dia a fumar charros, beber cervejas ou planear investidas fora do bairro para assaltos e furtos a quem se intrometer no seu caminho. Os pais trabalham todo o dia na construção civil e nas limpezas. Eles e elas, brancos, pretos ou ciganos - com honrosas excepções - deixaram cedo a escola e tomaram diferentes caminhos. Umas vezes levados pelas curvas e contracurvas da sociedade, outras vezes escolhendo o próprio - e mau - caminho.
Tiros, armas apontadas, combate nas esquinas, imagens gravadas e passadas uma e outra vez. Casas assaltadas e vandalizadas. Nem outra coisa seria de esperar. E depois, as vítimas. Os mesmos ciganos que foram vistos a trocar tiros com o grupo de africanos, são os que agora se queixam. Abandonam as casas, acampam em frente à Câmara Municipal, exigem novas habitações, exigem segurança, exigem que o Estado actue, exigem comida para as crianças. Exigem, apenas exigem, depois de anos e anos a não quererem fazer parte do Bem Comum.
Nesta história não existem inocentes. Em causa estará, alegadamente, um negócio de droga que correu mal, uma venda onde faltaram dois quilos de produto para o dinheiro entregue. Um grupo tentou vigarizar o outro e a vingança veio para as ruas. Africanos e ciganos, todos eles portugueses, não souberam viver em sociedade e agiram à margem da lei.
Todos diferentes, todos iguais, mas com os mesmos direitos e deveres.
Tiros, armas apontadas, combate nas esquinas, imagens gravadas e passadas uma e outra vez. Casas assaltadas e vandalizadas. Nem outra coisa seria de esperar. E depois, as vítimas. Os mesmos ciganos que foram vistos a trocar tiros com o grupo de africanos, são os que agora se queixam. Abandonam as casas, acampam em frente à Câmara Municipal, exigem novas habitações, exigem segurança, exigem que o Estado actue, exigem comida para as crianças. Exigem, apenas exigem, depois de anos e anos a não quererem fazer parte do Bem Comum.
Nesta história não existem inocentes. Em causa estará, alegadamente, um negócio de droga que correu mal, uma venda onde faltaram dois quilos de produto para o dinheiro entregue. Um grupo tentou vigarizar o outro e a vingança veio para as ruas. Africanos e ciganos, todos eles portugueses, não souberam viver em sociedade e agiram à margem da lei.
Todos diferentes, todos iguais, mas com os mesmos direitos e deveres.
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