"Toda a gente sabe como começa uma massagem e ninguém sabe como ela acaba", afirma Reis Águas, Comandante da Zona Marítima do Sul à TSF. O senhor em questão refere-se à proibição implementada nas praias algarvias. Aquela que parecia ser a grande moda para este ano no sul de Portugal não o poderá ser, uma vez que o Comando Marítimo do Sul não autoriza que sejam dadas massagens na praia. Podem esconder alguma coisa por trás, foi essa a mensagem que quis passar Reis Águas. Além do mais, como afirmou de seguida à estação de rádio, isso só serve para "aborrecer o cidadão que vai para a praia".
Ainda bem que temos pessoas em Portugal como o senhor comandante Reis Águas, o paladino dos bons costumes e defensor da moral. Era só o que faltava alguém estar deitado numa toalha, a apanhar sol e vir alguém de surpresa, começar a fazer uma massagem e iniciarem uma sessão de sexo escaldante. Provavelmente o senhor comandante terá uma mente muito fantasiosa e anda a inspirar-se nos argumentos de filmes pornográficos de baixo escalão com que nos brinda a televisão por cabo. No Portugal dos anos 50 e 60 do século passado, este e outros comandantes do género teriam lugar garantido no topo da hierarquia, defensores do regime, das regras e do quem manda, manda. Infelizmente, 50 anos depois, continuam as vistas curtas a ter cargos de algum relevo em Portugal.
Há cerca de um mês, tive o prazer de poder dar uns mergulhos numa praia algarvia, ali para os lados de Vilamoura - perdoem o pedantismo da coisa. Já deitado na espreguiçadeira, à sombra de uma palhota (10 euros, meio-dia) senti companhia na espreguiçadeira seguinte. Era um brasileiro, vendedor de praia. E depois outro, seguido por um chinês. E mais uns quantos se aproximaram. Escondiam-se da Polícia Marítima, ocultavam os cestos de bolas-de-berlim, de empadas, de croquetes e as brochuras onde apresentavam as maravilhas das massagens relaxantes. Falavam ao telefone entre eles, avisavam-se do perigo. E entre cada chamada, lamentavam-se de não poder ganhar a sua vida.
Nas espreguiçadeiras e toalhas à volta, já muitos dos veraneantes eram seus clientes. Faz parte. Sempre fez parte da nossa cultura. Sejam os homens dos gelados, as senhoras das bolas-de-berlim ou o chinês das massagens, eu quero é que a ASAE vá de férias. E leve com ela a Polícia Marítima, os comandantes das Zonas Marítimas e todos aqueles que não sabem entender a diferença entre segurança nas praias e exagero normativo, seguidismo fascizante. De cabelo molhado, corpo a pingar, sabor a sal na boca, um calor dos diabos, dá mesmo vontade de comer qualquer coisa ou de levar um apertão na coluna para aproveitar as férias. E irei continuar a fazê-lo enquanto existirem vendedores de praia com 'tomates' para ganhar a vida e enfrentar estes 'cinzentões' avessos à novidade. E mesmo que o creme da bola-de-berlim esteja estragado pelas altas temperaturas, não irei apresentar queixa. Nos meus intestinos mando eu.
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