Porquê? Why?

Há histórias que têm que ser contadas.
Há exemplos que têm que ser seguidos.
Há personagens que têm que ser desvendadas.
E nós merecemos um jornalismo diferente que nos mostre que ainda vale a pena.



03/11/08

Jogos de guerra



O jornal espanhol EL PAIS revela hoje que Espanha estava disposta a atacar Portugal em 1975 com o objectivo de travar o comunismo - leiam tudo aqui.


Carlos Árias Navarro foi o último presidente do Governo franquista e confessou em 1975 a Robert Ingersoll, vice-secretário de Estado dos EUA, que a Espanha estava preparada para entrar em guerra com Portugal "para evitar que o comunismo se espalhasse" ao resto da Europa. O líder espanhol estava com medo do que se poderia passar na transição de Portugal para a democracia e queria recorrer ao apoio de Washington em caso de extremar das posições em território português. Mas sabia ele que Kissinger e Carlucci já estavam também a puxar os cordelinhos para que nada de vermelho acontecesse...

Estas informações vêm agora a público na sequência de uma série de documentos obtidos nos Arquivos Nacionais americanos, em Washington. Num deles pode mesmo ler-se a seguinte análise ao nosso país em 1975, feita por Árias: "Portugal é uma séria ameaça para Espanha, não apenas pelo desenvolvimento que está a ter a situação, mas pelo apoio exterior que poderia ter e que seria hostil a Espanha". Ao que Ingersoll respondeu, em forma de recado a Kissinger: "A Espanha estaria disposta a travar o combate anticomunista sozinha, se for necessário. É um país forte e próspero. Não quer pedir ajuda. Mas confia que terá a cooperação e a compreensão dos seus amigos, não apenas no interesse de Espanha, mas no interesse de todos os que pensam assim".

335 anos depois de terem sido corridos, os espanhóis estavam dispostos a voltar. Quase 34 anos depois da Revolução há cada vez mais quem suspire por eles. Eu não, apesar de tudo de bom que a Espanha tem.


Sem comentários: