Porquê? Why?

Há histórias que têm que ser contadas.
Há exemplos que têm que ser seguidos.
Há personagens que têm que ser desvendadas.
E nós merecemos um jornalismo diferente que nos mostre que ainda vale a pena.



01/02/08

Palhaços, serpentinas e samba


O Carnaval do Rio de Janeiro 2008 está marcado pela polémica. A escola de samba Viradouro planeou fazer desfilar no Sambódromo um carro alegórico cujo tema é o Holocausto. A comunidade judaica brasileira não gostou da ideia e protestou. O caso foi ganhando notoriedade e a Viradouro acabou de confirmar que o dito carro já não irá fazer parte do desfile. Segundo a comunidade judaica, um tema com a gravidade do Holocausto (que, na Alemanha, está a ser passado a banda desenhada para que as crianças saibam o que se passou) não pode ser retratado no Carnaval do Rio. Em edições anteriores do maior Carnaval do Mundo, temas como a escravatura, o assassinato dos índios da Amazónia ou a catástrofe da Sida foram retratados em carros alegóricos e enredos de sambas. Nalguns casos, as escolas que os escolheram como tema acabaram por ser premiadas e elogiadas pelos seus desempenhos. E, na altura, os descendentes dos escravos, os filhos dos índios e os doentes seropositivos não protestaram. É certo que a escravatura foi há muitos séculos, mas também fez milhões de vítimas. E os portugueses e restantes europeus têm muitas culpas no cartório, já que bastantes fortunas foram alcançadas graças à mão-de-obra escrava roubada de África. Entre elas, muitas fortunas de famílias judias. É natural que o número de indígenas massacrados na Amazónia não chegue a seis milhões, mas não deixa de ter sido uma grande tragédia. E sobre os mortos com Sida, nem vale a pena falar. São cada vez mais milhões. Mas sobre esses assuntos podem fazer-se desfiles e letras para sambas. Ainda bem. Viva a democracia!

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