Porquê? Why?

Há histórias que têm que ser contadas.
Há exemplos que têm que ser seguidos.
Há personagens que têm que ser desvendadas.
E nós merecemos um jornalismo diferente que nos mostre que ainda vale a pena.



16/06/09

Voo ali e já venho

Essaouira, Marrocos

Não tão rápido como desapareceu dos radares, mas quase, o AF 447 está a fazer o seu caminho em direcção ao esquecimento. Já não se abrem Telejornais com ele, as capas dos diários voltaram a outros temas e os 228 mortos já quase não são motivo de conversa no café aqui no fundo da rua. Fui lá comprar cerveja e estavam a falar sobre a Feira do Relógio e a onda de calor. As teorias de conspiração, o sumiço à la Triângulo das Bermudas, os sensores da Airbus, os receios dos pilotos, tudo perdeu importância.

Os 94 milhões de Cristiano Ronaldo, a festa com Paris Hilton ou as explicações do Governador do Banco de Portugal tomaram conta dos acontecimentos. Aquilo que há duas semanas foi espremido até à exaustão, analisado, ponderado, discutido, criticado, esmiuçado e idolatrado em termos informativos não passa agora de uma qualquer notícia numa página interior, já praticamente sem acesso à capa.

É normal, é o tempo do mediatismo. O sangue arrefeceu, está tudo dito, estão todos mortos, não há portugueses - questão essencial para a comunicação social portuguesa em qualquer catástrofe. Como tal, vamos voltar-nos agora para os resultados das eleições no Irão, porque aquilo deve estar mal contado (ganhou o mau da fita) e já há mortos nas ruas. Mas também não se pode perder muito tempo com isso. Afinal, de que valem sete iranianos mortos, ou 70, 700 ou 7000, quando hoje à tarde ou amanhã o Jesus vai ser apresentado na Luz?

5 comentários:

Soph disse...

Há coisas nos Humanos que me fazem pensar... se SER HUMANO... é ser humano...

Ricardo Santos disse...

Errar, pelo menos, é humano. Já ser humano, não é para todos os seres humanos.

nat disse...

ou quando há três possíveis casos de Gripe A em Portugal que nunca chegam a ser confirmados...

Cochiuato disse...

Mau jornalismo!
A revolta dos profissionais devia surgir, urge uma revolta cultural no nossa pais, no nosso mundo.
Vais fazer alguma coisa em relação a isso?

Ricardo Santos disse...

A revolta cultural está feita dentro de mim. Não podes mudar quem não quer ser mudado.